domingo, 28 de fevereiro de 2016

Projeto "De que é feito o papel?"

A partir da pergunta feita na carta pelos nossos correspondentes, começámos um outro projeto: "De que é feito o papel?". Na reunião de planeamento da manhã, ficou organizado o grupo que iria fazer o projeto.
Começámos por pesquisar "nos livros da biblioteca e na internet, no computador."(R). Depois, registámos o que descobrimos "para depois poder contar na comunicação o que já ficámos a saber."(R)


"Descobrimos que para fazer o papel, as árvores são cortadas para tirar o tronco. Mas por causa disso estamos a ficar sem florestas." (I)
"E as pessoas fazem estas coisas quando há uma maneira de aproveitar o papel. Do papel velho podemos fazer papel novo." (R). É o papel reciclado.

"Também podíamos fazer na nossa sala, para não termos de gastar sempre papel novo nos nossos trabalhos." (Re e R).

Foi o que fizemos.
Com papel que já tinha sido usado, rasgámos e pusemos em água. "É para ficar molhado e mole." (Jo)




O papel ficou em água no fim de semana, para depois fazer papel reciclado. Vamos dando noticias, passo a passo, da evolução deste projeto.

O desenvolvimento dos projetos cooperativos, a partir do interesse e das propostas das crianças, permite diferenciar a educação escolarizante (na qual não acreditamos) de uma educação intelectual. Nesta última, o desenvolvimento intelectual da criança é estimulado,  assim como a aquisição de conhecimentos, capacidades e de uma sensibilidade moral e estética. Esta estratégia educativa tem como base constantes negociações e consensos, onde as crianças vão colocando questões, fazendo novas propostas, resolvendo problemas, numa tentativa de encontrar um sentido para o mundo que as rodeia. Nesta partilha dialogada de experiências, poderemos "alcançar o desafio (...) da construção mediada da cultura."(Niza, S. 2005).

Projeto "De que é feito o plástico?"

Para dar resposta a uma pergunta feita pelos nossos correspondentes, estamos a fazer um projeto sobre a origem do plástico.

Com a ajuda de alguns pais, descobrimos que o plástico vem do petróleo.
"O que é isso?"(Jo)
"É uma coisa que vem do céu porque Deus manda." (N)
Depois de uma breve conversa, percebemos que também não sabiamos o que era o petróleo e decidimos descobrir.
"O petróleo está dentro da terra, no meio das rochas."(J)
"E há homens que o tiram com uma bomba especial."(N)
"Depois vai para as fábricas, para as refinarias, para se transformar em gasolina e em gasóleo. Com o que resta faz-se o plástico"(L)
"Vai nuns barcos grandes, os petroleiros." (Jo)






"E o petróleo aparece porque há muitos anos, animais e plantas morreram e ficaram debaixo da terra, no meio de rochas e sem ar, e transformaram-se em petróleo." (L)



De facto, a aprendizagem através de projetos cooperativos permite uma abordagem pedagógica assente numa perspetiva de resolução de problemas. Esta estratégia é um espaço em que a criança, de forma significativa e criativa, questiona o mundo que a rodeia, investiga o que quer compreender e partilha o que descobre. Como nos diz Sérgio Niza (2005), "O trabalho cultural na escola pode e deve ter sempre uma dimensão lúdica como no esforçado trabalho do escritor, do pintor ou do investigador."



A preparação do bailado "O Cuquedo" continua...

Continuamos com a preparação para a montagem do nosso bailado, sobre a história do Cuquedo.

"Temos de fazer o cenário do bailado."(B)
"Tem de ser uma selva porque é onde estão os animais da história do Cuquedo"(M)

Fomos pesquisar para saber como eram feito os cenários nos bailados. Descobrimos que quem faz os cenários são os cenógrafos e que "eles fazem muitos desenhos com o cenário e só depois é que pintam o cenário para o bailado, ou para o teatro." (B e J).

Foi isso que decidimos fazer. Começámos por fazer o projeto para o cenário. Com os desenhos para esse projeto, construímos uma maquete do cenário e depois pintámos em folhas grandes "porque o cenário tem de ser grandes parque é para pessoas, para bailarinos. Somos nós!" (L e C)




E é assim que, passo a passo, o nosso bailado "O Cuquedo" vai sendo organizado...

Uma planta? Mas... isso não é o que nasce na terra??

Depois de recebermos a correspondência, começámos a organizar e planear o que vamos enviar.

Na carta, os correspondentes falaram-nos na sua sala: o que tinham e o que faziam lá.
"Eles têm as mesmas áreas do que nós."(G)
"A sala deles deve ser como a nossa."(Jo)
"Podíamos mandar o desenho da nossa sala para eles ficarem a conhecer a nossa sala."(J e C)

Combinámos começar por desenhar as áreas da sala.


E agora?
"É difícil... não sei. Nunca tinha feito um trabalho destes." (L)
Fomos pesquisar para saber como se podia fazer um desenho de uma sala. Descobrimos que os arquitetos "são pessoas que desenham casas e as partes das casas, desenham o sitio das portas e das janelas e depois mostram às pessoas que as vão construir."(C). Descobrimos, ainda, que a isso se chama uma planta
"Planta? Mas... isso não é o que nasce na terra?"(B).
Com a ajuda do dicionário, descobrimos que o B tinha razão mas que planta também é o desenho técnico de uma construção feito por um arquiteto.
"Ah... quer dizer duas coisas!"(B)
E acabámos por descobrir que há outras palavras que também têm dois significados.

Com o apoio da planta de uma casa, feita por um arquiteto, construímos a planta da nossa sala...



Escrevemos o nome das áreas "porque o arquiteto também escreve o nome das partes das casas"(L)



Na comunicação, mostrámos a planta da nossa sala pronta e explicámos o que tínhamos descoberto sobre o trabalho de um arquiteto e sobre as palavras homónimas, ou seja "palavras que são iguais mas que querem dizer coisas diferentes." (C).


Como nos diz Sérgio Niza (2005), "É preciso, fundamentalmente, que na escola o conhecimento não se separe das práticas sociais de apropriação da cultura." Passo a passo, acredito que estamos a construir cultura.

A correspondência

Recebemos a correspondência "dos meninos que estão no Alentejo" e estivemos a ler a carta que eles nos escreveram.
"Também temos de escrever a carta para eles"(Jo)
"Pois porque uma carta é um papel que escrevemos quando queremos dizer ou contar coisas que nos aconteceram a pessoas que estão longe de nós"(C e B)

Acredito, tal como Margarida Alves Martins, que "a aprendizagem da escrita é feita pela prática efetiva da escrita, (...) aprende-se a escrever, escrevendo.". Assim, combinámos que no tempo de reflexão sobre a escrita iríamos escrever a carta.

"Tens de escrever tu Adelaide, porque nós só sabemos escrever aquela escrita que só nós é que lemos"(L)
"Nós dizemos o que queremos contar e tu escreves." (R)
Tal como negociado anteriormente, fomos refletir em como se escrevia uma carta e o que queríamos lá escrever:
"Temos de escrever a data para eles saberem quando é que escrevemos" (J)
"Depois dizemos olá ou como estão."(C)
"E depois vamos contando o que aconteceu na nossa sala."(B)
"No fim dizemos adeus."(Le)
"E assinamos, escrevemos o nosso nome para saberem que fomos nós que escrevemos."(L)

A partir desta conversa, escrevemos a carta e ilustrámos "para os nossos correspondentes do Alentejo poderem ler o que nós dissemos à Adelaide para escrever." (vários).


A escrita em grupo exige, por parte das crianças envolvidas, a capacidade de explicitar e negociar, não só o que se vai dizer, como o modo como se vai pôr esse significado em palavras. Este processo promove o desenvolvimento de capacidades sociais nas crianças, pois estas terão de ter em conta a opinião dos outros, mas promove também o desenvolvimento de capacidades textuais, pois gradualmente tomarão consciência dos processos linguísticos envolvidos na escrita de um texto.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

A Hora da História

Esta semana estivemos a ouvir a história Como Apanhar uma Estrela, de Oliver Jeffers.


"É parecido com o outro livro que temos na biblioteca." (RO)
"Se calhar, é outra aventura que esse meninos teve" (M)

Fomos procurar qual era o outro livro parecido com este e comparámos os dois.
"É o Sobe e Desce" (L)

Observámos a capa do livro.
Descobrimos que o título da duas histórias era diferente "porque são histórias diferentes" (J), mas as ilustrações eram iguais "porque o senhor que escreveu as histórias e que fez as ilustrações é o mesmo. Sabem como é que eu sei? Porque aqui  (apontando para Oliver Jeffers) este é o nome dele e é igual nos dois livros."(B). O autor/ilustrador era o mesmo "e é por isso as ilustrações são parecidas. É a maneira dele desenhar" (L)


Combinámos saber mais sobre este autor/ilustrador, sobre a sua vida e sobre a sua obra. Depois, vamos dando noticias do que fizemos


O que é impermeável?

Para dar resposta a uma pergunta dos nossos correspondentes, estamos a fazer um projeto sobre a origem do plástico.
"O plástco vem do petróleo porque eu estive a procurar no computador com o meu pai e ele contou-me." (L)
Durante a investigação, descobrimos que o plástico é um material impermeável pois não deixa passar a água. Combinámos fazer uma experiência para descobrirmos materiais permeáveis e impermeáveis. Escolhemos alguns que estavam na nossa sala e fizemos a experiência. Durante esta, fomos registando o que fazíamos.




No final, registámos todo o processo e o que descobrimos.



"O plástico e a borracha não deixaram a água pingar para o copo." (JO)
"Mas o tecido, a lã e o papel deixaram e o copo ficou com água." (R)

É importante as crianças perceberem que a ciência existe em tudo o que nos rodeia e em todos os materiais que manipulamos quotidianamente. Temos, progressivamente, de nos tornarmos cidadãos cientificamente cultos, de modo a sabermos observar e analisar criticamente o que acontece à nossa volta.

Somos mais... ou menos??

Esta semana recebemos a carta dos nossos correspondentes do Alentejo.
Estivemos a ler a carta e a ver o que nos tinham enviado.
"Olha, mandaram-nos os retratos deles. São tantos"(J)
"São muitos lá na sala deles. Quantos são?"(I)
"Eu acho que nós somos mais"(B)
Decidimos descobrir e combinamos como.
"Contamos os retratos deles e depois contamos os nossos retratos e ficamos a saber se somos mais do que eles ou menos."(C e L).
Primeiro, fizemos os nossos retratos...


Depois, fizemos os retratos deles...


E agora?
"Agora contamos os nossos retratos e depois os retratos deles e depois ficamos a saber onde é que há mais meninos" (L)
"Podemos colar enquanto contamos. Colamos um dos nossos retratos e um dos deles." (N)


Por fim descobrimos que somos mais do que eles!
"Na nossa sala há 21 meninos e meninas." (C e J)
"E na sala deles, no Alentejo, só há 14." (L)

As atividades matemáticas têm um papel relevante na estruturação do pensamento da criança. "As crianças vão construindo(...) os conceitos matemáticos na sua vivência do dia a dia(...)" cabendo ao educador propor "(...) a realização de tarefas adequadas, procurando levá-las a um esforço subsequente de reflexão", sempre numa perspetiva de resolução de problemas, "com uma atitude investigativa e uma capacidade critica". (in, Emergência da Matemática no Jardim-de-Infância, Porto Editora, 1997).

domingo, 14 de fevereiro de 2016

O que é uma conferência??

Outro projeto a acontecer na sala era o do universo. O que era o universo?

Fizemos muitas pesquisas e descobertas, registámos essas descobertas que partilhámos com os outros colegas da sala. Essas partilhas no momento das comunicações deram origem a novas perguntas, a novas pesquisas e novas descobertas. E assim, passo a passo, concluímos o projeto.

"Podemos comunicar aos meninos da sala 1" (L)
"Vamos contar o que aprendemos sobre o universo" (B e J)

Preparámos a comunicação: o que vamos comunicar e como vamos apresentar.

Combinámos quem faria a comunicação e o que iria dizer.
"E se nos esquecermos do que temos para dizer?" (L)
"Podíamos escrever numa folha e desenhar e depois ler."(J)

"Agora temos de fazer um universo. Com as galáxias e as estrelas e o sistema solar." (vários)
"Para eles perceberem bem o que estamos a explicar" (B)


Combinámos o dia e o local para a comunicação e decidimos construir um cartaz para divulgar.

"Temos de dizer que é uma comunicação especial. Não é como as que fazemos aqui na sala. Esta é especial porque fizemos coisas só para esta apresentação" (I e B)
"Uma comunicação assim especial é uma comunicação ou tem um outro nome? Podíamos procurar no dicionário." (B)
Fomos pesquisar e descobrimos que os cientistas e investigadores, quando fazem uma comunicação com materiais de apoio e com preparação anterior, lhe chamam uma conferência.
"Então é isso que vamos fazer: uma conferência!!" (B)


 E foi o que aconteceu...




Estes momentos de partilha de saberes permite a apropriação pelo grupo do que alguns pesquisaram e descobriram. Para as crianças que comunicam, este é um momento fundamental para organizarem o pensamento e as aprendizagens, para tomarem consciência do que sabem, para adequarem a sua linguagem de modo a que esta seja clara para quem os está a ouvir, para aumentarem o seu léxico vocabular e para tomarem consciência de que têm um papel importante nas aprendizagens dos outros. Para quem assiste à comunicação, este é um momento para compreenderem a importância de ouvir os outros, para aprenderem a questionar adequadamente e para ficarem curiosos sobre o tema, querendo saber mais. Nesta dinâmica, assenta a motivação para aprender.

Um Bailado!?!?!


A nossa exposição foi inaugurada. Fomos fazer uma visita para ver se faltava alguma coisa. Avaliámos o que tínhamos feito, como tinha sido feito e o que tínhamos aprendido.

"O Ballet é uma dança difícil e precisa de muito tempo a treinar" (J e L)
"Eu gosto mais do moderno do que o clássico. Gostava de fazer um bailado!" (B)
"Podíamos fazer um? Podemos fazer um bailado!!" (vários)

Fomos ver o que precisávamos para um bailado.

"Um bailado conta uma história: a Bela Adormecida, o Pedro e o Lobo, o Lago dos Cisnes. Todos têm uma história." (J e B)

Decidimos que poderiamos de fazer a história do Cuquedo, que tínhamos ouvido na semana anterior.

"Mas precisamos de fatos para saberem quem são as personagens." (S)
"Nos bailados também há fatos. E podemos dançar descalços ou em meias, como os bailarinos." (L)

Fomos pesquisar sobre os fatos dos bailados. Descobrimos que são figurinos e que quem os desenha são os figurinistas. E começámos por combinar quem seriam os nossos figurinistas e estes desenharam os figurinos.



"Mas ainda falta o cenários e os ensaios da dança" (vários)

Assim, passo a passo, vamos organizando um bailado....

Como fazer o cartaz para a exposição?


Um dos aspetos mais importantes para que uma atividade tenha sentido é que ela apareça como resolução de um problema. Foi o que aconteceu. Durante a preparação da exposição Ballet e Bailarinas, uma das crianças levantou uma questão: "Como é que vamos fazer para que toda a gente saiba que vai haver a exposição aqui na escola?"(J). O problema foi discutido mas ninguém sabia o que fazer, até que o B perguntou "Como é que faz a Paula Rego? Lá no museu dela, como é que se faz?".
Fomos pesquisar e descobrimos que os museus fazem cartazes para anunciar as suas exposições.

"Temos de fazer um para a nossa exposição!" (L)

Como não sabíamos fazer um cartaz, fomos procurar um para ver como era e o que tinha. Muitas foram as observações e as tentativas de leitura. Até que por fim, lemos o cartaz e percebemos o que tínhamos de escrever e como podíamos fazer um. Combinámos o texto e escrevemos no computador. E construímos o nosso cartaz com base no cartaz observado anteriormente.




As práticas de abordagem à escrita e à leitura na educação pré escolar só têm sentido quando são realizadas com base em práticas sociais reais, ou seja, quando são reflectidas e construídas partindo de situações existentes no meio que os envolve. Neste contexto real e com sentido, as crianças têm a oportunidade de construir o seu projeto de escritor/leitor, compreender a funcionalidade da escrita, despertando a sua curiosidade sobre a sua estrutura.